21 de outubro de 2013

Xutos e Pontapés - Circo de feras.

São 22:39, boa noite. E sinto que a minha vida está a escorregar-me pelos dedos e com ela a tua vontade de estar comigo. Procuro um carinho teu noutras pessoas, procuro um abraço teu no corpo de outras pessoas. Tantas vezes me fizeste sentir que a minha vida não fazia sentido sem ti, porque a vida vai torta, jamais se endireita, o azar persegue, esconde-se à espreita, nunca dei um passo que fosse o correcto, eu nunca fiz nada que batesse certo. E a culpa é tão tua, pai. Sinto-me tão perdida sem ti, estou tão sozinha, não sabes como me custa ser tua filha e não sentir que tenho um pai. Estou à vinte longos anos à tua espera, à espera de um amor, de um carinho, entendes esta minha espera? Espero que, sonho com, quero assim que... mas não passa disto. Esperanças, sonhos e desejos de uma filha frustrada e mal amada, de uma criança desesperada, que só quer um mimo. E se soubesses como tudo à minha volta é um circo de feras, porque enquanto eu esperava, no fundo da rua, pensava em ti e em que sorte era a tua. Quero-te tanto. Mas quero-te desesperadamente, como um grito sufocado pelo teu silêncio, o amor que sinto por ti vai desaparecendo como as poucas vezes que te vejo e sinto um abraço forçado teu para haver uma falsa paz entre nós. Se um dia chegares a amar-me, ama-me como esta música que te quero dedicar. Ama-me com a mesma fantasia com que te amei, meu pai. Chora por mim como eu chorei por ti. Porque... Quero-te tanto. São 22:51, até um dia.

5 comentários:

«O teu anjo da guarda fala pela boca daquela mulher, que não tem mais inteligência que a do coração, alumiada pelo seu amor.»